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Dez 08

 

 

               Eu sou do tempo em que a mulher

               Mostrar o tornozelo

               Era um apelo!

               Depois, já rapazinho, vi as primeiras pernas

               De mulher

               Sem saia;

               Mas foi na praia!

 

 

               A moda avança

               A saia sobe mais

               Mostra os joelhos

               Infernais!

 

 

               As fazendas

               Com os anos

               Se fazem mais leves

               E surgem figurinhas

               Em roupas transparentes

               Pelas ruas:

               Quase nuas.

               E a mania do esporte

               Trouxe o short.

               O short amigo

               Que trouxe consigo

               O maiô de duas peças.

               E logo, de audácia em audácia,

               A natureza ganhando terreno

               Sugeriu o biquíni,

               O maiô de pequeno ficando mais pequeno

               Não se sabendo mais

               Até onde um corpo branco

               Pode ficar moreno.


              Deus, a graça é imerecida,
              Mas dai-me ainda
              Uns aninhos de vida!


                                         Millôr Fernandes

 

publicado por encontromarcado às 20:21

 

Se oriente, rapaz 
Pela constelação do Cruzeiro do Sul 
Se oriente, rapaz 
Pela constatação de que a aranha vive do que tece 
Vê se não se esquece 
Pela simples razão de que tudo merece 
Consideração Considere, rapaz 
A possibilidade de ir pro Japão 
Num cargueiro do Loyd lavando o porão 
Pela curiosidade de ver 
Onde o sol se esconde 
Vê se compreende 
Pela simples razão de que tudo depende 
De determinação 
Determine, rapaz 
Onde vai ser seu curso de pós-graduação 
Se oriente, rapaz 
Pela rotação de Terra em torno do Sol 
Sorridente, rapaz 
Pela continuidade do sonho de Adão

 

Gilberto Gil

publicado por encontromarcado às 20:20

 

Se você não acreditar naquilo que você é capaz de fazer; quem vai acreditar?
Dizer que existe uma idade certa, tempo certo, local certo, não existe.
Somente quando você estiver convicto daquilo que deseja e esta convicção fizer parte integrante do processo.
Mas quando ocorre este momento? Imagine uma ponte sobre um rio.
Você está em uma margem e seu objetivo está na outra.
Você pensa, raciocina, acredita que a sua realização está lá.
Você atravessa a ponte, abraça o objetivo e não olha para traz.
Estoura a sua ponte.
Pode ser que tenha até dificuldades, mas se você realmente acredita que pode realizá-lo, não perca tempo: vá e faça.
Agora, se você simplesmente não quer ficar nesta margem e não tem um objetivo definido, no momento do estouro, você estará exatamente no meio da ponte.
Já viu alguém no meio de uma ponte na hora da explosão... eu também não.
Realmente não é simples.
Quando você visualizar o seu objetivo e criar a coragem suficiente em realizá-lo, tenha em mente que para a sua concretização, alguns detalhes deverão estar bem claros na cabeça ou seja, facilidades e dificuldades aparecerão, mas se realmente acredita que pode fazer, os incômodos desaparecerão.
É só não se desesperar.
Seja no mínimo um pouco paciente.
Pois é, as diferenças básicas entre os três momentos são:
ESTOURAR A PONTE ANTES DE ATRAVESSÁ-LA Você começou a sonhar... sonhar... sonhar! De repente, sentiu-se estimulado a querer ou gozar de algo melhor.
Entretanto, dentro de sua avaliação, começa a perceber que fatores que fogem ao seu controle, não permitem que suas habilidades e competências o realize.
Pergunto, vale a pena insistir?
Para ficar mais tangível, imaginemos que uma pessoa sonhe viver ou visitar a lua, mas as perspectivas do agora não o permitem, adianta ficar sonhando ou traçando este objetivo?
Para que você não fique no mundo da lua, meio maluquinho, estoure a sua ponte antes de atravessá-la, rompa com este objetivo e parta para outros sonhos! ESTOURAR A PONTE NO MOMENTO DE ATRAVESSÁ-LA Acredito que tenha ficado claro, mas cabe o reforço.
O fato de você desejar não ficar numa situação desagradável é válido, entretanto você não saber o que é mais agradável, já não o é! Ou seja, a falta de perspectiva nem explorada em pensamento, não leva a lugar algum. Você tem a obrigação consciencional de criar alternativas melhores.
Nos dias de hoje, não podemos nos dar ao luxo de sair sem destino.
O nosso futuro não é responsabilidade de outrem, nós é que construímos o nosso futuro. Sem desculpas, pode começar...
ESTOURAR A PONTE DEPOIS DE ATRAVESSÁ-LA.
No início comentei sobre as pessoas que realizaram o sucesso e outras que não tiveram a mesma sorte.
Em primeiro lugar, acredito que temos de definir o que é sucesso.
Sou pelas coisas simples, sucesso é gostar do que faz e fazer o que gosta.
Tentamos nos moldar em uma cultura de determinados valores, onde o sucesso é medido pela posse de coisas, mas é muito mesquinho você ter e não desfrutar daquilo que realmente deseja.
As pessoas que realizaram a oportunidade de estourar as suas pontes de modo adequado e consistente, não só imaginaram, atravessaram e encontraram os objetivos do outro lado.
Os objetivos a serem perseguidos, foram construídos dentro de uma visão clara do que se queria alcançar, em tempo suficiente, de modo adequado, através de fatores pessoais ou impessoais, facilitadores ou não, enfim o grau de comprometimento utilizado para a sua concretização.

A visão sem ação, não passa de um sonho.
A ação sem visão é só um passatempo.
A visão com ação pode mudar o mundo.

 

Martha Medeiros

publicado por encontromarcado às 20:03

 

 

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais findo do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado."
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor. Essa palavra de luxo.

 

Adélia Prado

 

publicado por encontromarcado às 20:02

 

    Não há mais bela música 
    Que o ruído da maçaneta da porta
    Quando meu filho volta para a casa.

    Volta da rua, da vasta noite, da madrugada de estranhas vozes
    E o ruído da maçaneta
    E o gemer do trinco
    O bater da porta que novamente se fecha
    O tilintar inconfundível do molho de chaves
    são um doce acalanto, uma suave cantiga de ninar.
 
    Só assim fecho os olhos
    Posso afinal dormir e descansar.

    Oh! A longa espera,
    A negra ausência
    As historias de acidentes e assaltos
    Que só a noite como ninguém sabe contar!
    Oh! Os presságios e pesadelos,
    O eco dos passos na calçada 
    A voz dos bêbados na rua
    E o longo apito do guarda
    Medindo a madrugada,
    E os cães, uivando na distância
    E o grito lancinante da ambulância!

    E o coração descompassado a pressentir
    E a martelar
    Na arritmia do relógio do meu quarto
    Esquadrinhando a noite e seus mistérios.

    Nisso, na sala que se cala, estala
    a gargalhada jovem
    da maçaneta que canta
    a festiva cantiga do retorno.
    E a sua voz engole a noite imensa
    Como todos os ruídos secundários.
    -Oh! Os címbalos do trinco
    e os clarins da porta que se escancara
    e os guizos das muitas chaves que se abraçam
    e os festival dos passos que se ganham a escada!
    
    Nem as vozes da orquestra
    E o tilintar de copos
    E a mansa canção da chuva no telhado
    Podem sequer se comparar
    Ao som da maçaneta que sorri
    Quando meu filho volta.

    Que ele retorne sempre são e salvo 
    Marinheiro depois da tempestade
    A sorrir e cantar.
    E que na porta a maçaneta cante
    A festiva canção do seu retorno 
    Que soa pra mim
    Como suave cantiga de ninar.

    Só assim só assim meu coração se aquieta
    Posso afinal dormir e descansar.
 
 
Gióia Júnior
 

publicado por encontromarcado às 19:59

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